Fatores que interferem com o valor do PSA
Na ausência de doença prostática, o valor do PSA varia com a idade, a raça e o volume da próstata.
Embora o PSA seja considerado próstato-específico, não é câncer-específico. A hiperplasia prostática benigna (HPB), as prostatites, isquemias e infartos prostáticos, biópsia de próstata, ressecção trans-uretral (RTU) da próstata, prostatectomia radical, radioterapia externa, braquiterapia, sondagem vesical, massagem prostática, uso de inibidores da 5alfa-redutase (finasterida e dutasterida) alteram o valor do PSA.
Acredita-se que as elevações do PSA no sangue decorram de rupturas do tecido prostático, daí a orientação de se aguardar de quatro a seis semanas para dosagem sérica do PSA após biópsia de próstata, ressecção trans-uretral da próstata e cistoscopia.
Pacientes sondados apresentam elevação do PSA. O toque retal, a atividade sexual (ejaculação) e o ciclismo ainda são situações controversas em relação à alteração do PSA.
Espera-se redução significativa do PSA após a prostatectomia radical, radioterapia ou o bloqueio androgênico para tratamento do câncer de próstata. O aumento progressivo do PSA pode representar recidiva ou progressão tumoral.
Indivíduos que estejam usando dutasterida por três meses ou finasterida por mais de seis meses, mesmo na dosagem de 1 mg para tratamento da alopécia, têm o valor do PSA reduzido à metade. Portanto, deve-se corrigi-lo multiplicando seu valor por dois. Em contrapartida, pacientes que utilizam inibidores da 5alfa-redutase e não apresentam uma queda no valor do PSA em 50% após seis meses de finasterida ou após três meses de dutasterida devem ser investigados com biópsia quanto à possibilidade de câncer de próstata incipiente.
O PSA na insuficiência renal e na hepatopatia crônica
Indivíduos em insuficiência renal crônica apresentam os mesmos valores de PSA que indivíduos com função renal preservada, sendo que os métodos dialíticos não alteram a concentração sérica do PSA. Apesar de o PSA conjugado ser metabolizado no fígado, o PSA também não se altera nos indivíduos com hepatopatia crônica. Acredita-se que seu clearance não ocorra nos hapatócitos, mas nos macrófagos (células de Kupffer), que possuem receptores específicos para a degradação de glicoproteínas séricas.
O PSA e a terapia de reposição hormonal masculina
A terapia de reposição hormonal para homens com deficiência androgênica decorrente do envelhecimento não promove alteração no valor do PSA. Qualquer elevação no PSA ou no toque retal durante o tratamento deve ser investigada com biópsia de próstata e interrupção da reposição hormonal.
A importância do PSA
O câncer de próstata é a segunda causa de óbito por neoplasia em homens no Brasil e a terceira nos Estados Unidos. Um em cada cinco homens apresentará câncer de próstata ao longo de suas vidas. A combinação do exame de toque retal da próstata com o PSA apresenta-se como teste de primeira linha para se aferir o risco de câncer de próstata em um indivíduo. A presença de nódulo (área endurecida) ao toque ou PSA elevado evidencia risco de câncer de próstata e é indicativo de biópsia guiada por ultra-som transretal.
Antes do advento do PSA como marcador tumoral, o toque retal era o principal método de diagnóstico e de estadiamento do câncer de próstata. Complementado pela dosagem sérica da fosfatase ácida prostática e pelo exame de ultra-som, diagnosticavam câncer de próstata em 1% a 2% dos indivíduos que procuravam avaliação médica. Desses, 48% apresentavam doença extra-prostática e 85% doença avançada. Utilizados isoladamente, o exame de toque retal ou o ultra-som de próstata deixam de diagnosticar 37% e 43% dos casos de câncer de próstata, respectivamente.
A partir de 1986, o uso disseminado do PSA na clínica para diagnóstico precoce, estadiamento clínico e controle das diversas modalidades terapêuticas do câncer de próstata, aumentou a incidência de câncer restrito à próstata, reduziu a incidência de doença metastática ao diagnóstico em 50% a 70% e reduziu a mortalidade em até 20% nas últimas duas décadas.
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